Programação de Dezembro na Academia Problemática e Obscura

Dia 5, sexta-feira, às 20:00 horas
Jantar do Ciclo Portugal, que futuro?, com Miguel Portas.

Miguel Sacadura Cabral Portas (Lisboa, 1 de Maio de 1958) é um economista, jornalista e político português. É licenciado pelo Instituto Superior de Economia de Lisboa e actualmente é eurodeputado pelo Bloco de Esquerda, eleito em 2004 com 5,1% dos votos. Iniciou actividade como jornalista numa revista cultural independente, Contraste, de que foi director, em 1986. Antes, tinha sido animador cultural num concelho do interior do Alentejo, e colaborador, na serra algarvia, de uma rede de projectos de desenvolvimento local. Em 1988 entrou para o semanário Expresso, onde coordenou a secção de Sociedade, no primeiro caderno do jornal. Em 1990 interrompe a actividade jornalística para assumir as funções de assessor para as questões urbanas e culturais do então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Jorge Sampaio. Regressa ao jornalismo dois anos mais tarde e de novo para o semanário Expresso, onde exerce, sucessivamente, as funções de editor internacional da Revista do jornal e em seguida as de responsável pela área de Cultura do semanário. Em 1995, abandona o Expresso para, em 1996, lançar um projecto de semanário independente de esquerda, de que foi director. As dificuldades financeiras deste projecto levaram a cooperativa de jornalistas e a sociedade editora a redimensionar o projecto, lançando em sua substituição uma revista mensal, a Vida Mundial, durante os anos de 1998 e 1999. Nesta nova publicação, Miguel Portas foi colunista e repórter. Ainda em 1998 foi convidado pela Comissão Nacional dos Descobrimentos Portugueses para apresentador e autor dos textos da série documental «Mar das Índias» que seria apresentada em Abril de 2000 na RTP2. Este trabalho, realizado por Camilo Azevedo, recebeu o mais prestigiado prémio da crítica em Portugal. Diferentemente de trabalhos no género, ele não percorria os lugares que assinalavam a presença portuguesa neste oceano, mas as culturas com que os portugueses contactaram. Entre 2000 e 2001 escreveu quinzenalmente uma coluna de opinião no semanário Expresso a par de outra, semanal, no Diário de Notícias que cessou do fim de 2005. Em 2003 e 2004 participa ainda regularmente nos frente a frente do canal SIC Notícias. Em 2004 a editora Dom Quixote publica o seu primeiro livro, "E o resto é paisagem", onde se reúnem diversos ensaios, reportagens e entrevistas realizadas nos quatro anos anteriores. Actualmente é director de uma revista de ensaio político-cultural, Manifesto, que vai no seu 7º número. Profissionalmente, em 2004 concluiu ainda as filmagens de uma nova série documental sobre as civilizações e os povos do Mediterrâneo, que deverá ser apresentada no canal público de televisão em 2006. Inicia a sua actividade cívica em 1971, quando entra para o ensino secundário. Enquanto activista estudantil teve que mudar de liceu por duas vezes, na sequência de suspensões e processos disciplinares. Em Dezembro de 1973 é, com 156 outros estudantes do ensino secundário, detido pela polícia política do regime. Aderiu à União dos Estudantes Comunistas, a organização juvenil do PCP, nesse mesmo ano, com 15 anos de idade. Em 1974, passa a integrar a Comissão Central desta organização. Mais tarde, já no Instituto Superior de Economia de Lisboa, será dirigente da sua Associação de Estudantes e, nessa condição, coordena o Secretariado da Reunião Inter Associações no início dos anos 80. Abandona o PCP em 1989, na sequência do primeiro processo de expulsões do PCP e é um dos fundadores da Plataforma de Esquerda, organização que se virá a dissolver dois anos depois. Nos inícios dos anos 90 emerge a Política XXI, um movimento que agrupa activistas da Plataforma de Esquerda, de um antigo movimento de resistência antifascista, o MDP, e activistas estudantis independentes que se revelaram nas lutas pelo acesso democratizado à Universidade e pela sua gratuidade. A Política XXI será uma das três formações que estará, em 1999, na origem do Bloco de Esquerda. No Bloco de Esquerda, fundado em Março de 1999, foi cabeça de lista às eleições europeias de Junho desse ano, onde o novo partido obtém 1,7%. Cinco anos mais tarde, é eleito eurodeputado com 5,1% dos votos. A diferença de resultados ilustra o modo como o Bloco de Esquerda emergiu na sociedade portuguesa e como, passo a passo, se vem radicando no país, em particular nas grandes e médias cidades e nos sectores mais jovens do eleitorado. Em Lisboa e no Porto, o Bloco representa 9 e 8 por cento, respectivamente. Neste caminho de 5 anos, Miguel Portas esteve envolvido nos movimentos contra a invasão do Iraque e na preparação do primeiro Fórum Social Português. E foi ainda candidato às legislativas pelo distrito do Porto em 1999, onde ficou a mil votos da eleição; e cabeça de lista à Câmara Municipal de Lisboa em 2001.


Dia 12, sexta-feira, às 21:30 horas
Quantas histórias nos contam os mortos sobre os vivos de outrora – os enterramentos da Paroquial da Anunciada, por Nathalie Antunes-Ferreira, no âmbito das “Histórias da Margem Sul ”.

“Histórias da Margem Sul” visa constituir-se como um ciclo informal de reflexão em torno da memória colectiva de Setúbal e sua região, com vista à discussão de aspectos particulares e gerais sua da evolução histórica. A antropologia física tem tido forte incremento em Setúbal desde o início do Século XXI, colmatando graves lacunas sobre o conhecimento das populações passadas neste território, permitindo perceber as vivências reais do povo. A realidade das populações do Troino, antigo bairro de pescadores, é o tema desta palestra, alicerçada em cerca de uma centena de enterramentos detectados e exumados aquando da intervenção arqueológica do antigo Hospital da Anunciada. Para decifrar a linguagem dos mortos contamos com Nathalie Antunes-Ferreira, autora de numerosos livros e artigos sobre a matéria, reputada especialista.



Dia 19, sexta-feira, às 20:00 horas

Jantar Cultural, com Maria Cristina Neto, sobre Os negros em Portugal e no Sado.

Historiadora de enorme prestígio, académica das mais prestigiadas agremiações científicas do país e internacionais, antiga docente da FCUL e antiga investigadora do IICT, Maria Cristina Neto tem-se dedicado a várias áreas do saber. Uma das mais importantes e relevantes linhas da sua carreira académica tem sido a investigação sobre negros e escravos em Portugal, fazendo-a referência internacional sobre o tema, plasmada na exposição “Os negros em Portugal – Séculos XV – XIX”, que decorreu no Mosteiro dos Jerónimos em 1999 – 2000, feita em colaboração com Didier Lahon, promovida pela Comissão para as comemorações dos Descobrimentos Portugueses e na tese doutoral “Nascer em África e morrer em Lisboa – os ultramarinos africanos no Século XIX”. Ainda sobre negros e escravos é a reputada e reconhecida especialista sobre os negros de Alcácer do Sal e zona do Sado, investigação essa desenvolvida desde os anos 70.



Jantares – 10 € (8€ Folia Divina).

Aceitam-se inscrições

Sem comentários: